9 de julho de 2013

Próxima noite

Abro a gaveta, tiro-o com cuidado e o levo ao peito. Deito e me acomodo de volta ao calor do fim do dia. Fecho os olhos pra finalmente ver as luzes mais esperadas se acenderem. Estou do outro lado do mundo. Uma estação de metrô, um abraço e meu rosto abafado. Deixando a privação e todos os medos de lado, sinto lágrimas no meu ombro. Alguém comigo está chorando, mas não parece ser nada ruim. É como aquela terapia dos grupos de ajuda: o choro quente pode ser uma das melhores coisas pra aquecer. Até a respiração se altera, fica mais rápida e faz os órgãos acordarem. Não sei exatamente em que lugar estou, mas me sinto bem.

De manhã, já fora da cama, devolvo-o à gaveta. Dia novo, peito vazio, pronto pra enfrentar o mundo das pessoas de coração-de-gaveta.



(Preciso levá-lo mais vezes pra passear).

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