2 de maio de 2011

Raízes

Era uma vez uma garota que morava em uma cerejeira. Ela só conhecia a árvore e a neve e sua vida era completa. Até que um dia recebeu uma carta. "Quando vai voltar? Sinto sua falta..."
A carta não havia destinatário, e esse foi seu pecado mortal: sentir-se a razão do desejo de alguém que ainda não conhecia. Nasceu dentro de si uma falta extremamente forte e não podia mais viver sem aquilo dali para frente. Imaginando, porque não, que a carta poderia ser para ela, saiu de Nagoya.



Ao que o vento a levou, lhe transportando como as folhas no inverno, encontrou-se aos pés de um ipê em Puebla - amarelo como o pôr do sol, o ar queimando em brasa. Nos primeiros passos pode ver embaixo da árvore a figura do seu desejo, e na mesma força, implorou que fosse ela o que ele procurava.

Não teve tempo de lhe pedir mais nada - o sopro quente a derrubou no chão como o sol derrete o floco de neve. Conseguiu sentir, ardendo na pele, uma mão reanimando-a. Mas era em vão... ali não era seu lugar. Sentiu seu coração arder e depois parou, feliz por ter descoberto algo mais além de si mesma.




Já li a minha carta. Está na gaveta esperando a minha coragem de seguí-la onde ela me levar.

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